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Política de transportes e o GEIPOT
texto de Antônio Miranda e José Carlos Ary

Em 1968, no âmbito do então Ministério da Viação, foi criado o Grupo de Estudos para a Integração da Política de Transportes - GEIPOT. Já em 1969 o Grupo de Estudos foi transformado em Grupo Executivo para Integração da Política de Transportes, sendo mantida a mesma sigla.

O grupo, em suas duas versões, tinha por propósito ajudar o governo a traçar a política de transportes do governo. No entanto, contando com a participação de muitos técnicos, em especial, engenheiros e economistas, começou a desenvolver projetos específicos. Datam do seu período inicial estudos e projetos econômicos voltados a construir estruturas especiais no setor transportes voltadas à criação de corredores de exportação. Entre elas a re-qualificação de rodovias e ferrovias, assim como de portos e de vias navegáveis. Os estudos, conhecidos como POTs, faziam análise dos quantitativos de produção, da característica da carga, das exigências quanto à sazonalidade etc.

Devido a estes estudos foram firmados contratos internacionais voltados à cooperação técnica com especialistas estrangeiros em conservação de estradas e produção de melhorias em interseções rodoviárias e outros temas. Com isto o GEIPOT ganhou reconhecimento internacional como órgão brasileiro voltado ao estudo, projeto e fomento de medidas voltadas aos transportes em geral.

Por volta de 1971/1972 o GEIPOT criou uma assessoria especial voltada à realização de estudo de transportes urbanos. E assim começou a realizar estudos especiais para diversos modais de transportes urbanos em várias cidades brasileiras. Em Janeiro de 1975, visando a busca de maior autonomia do órgão, o então coordenador geral do GEIPOT, Eng. Cloraldino Soares Severo, logrou inaugurar a nova condição da entidade, agora como Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes, mantendo a sigla já conhecida internacionalmente - GEIPOT. Com a empresa surgiram muitos estudos e o Departamento de Transportes Urbanos passou a se constituir num dos mais fortes do GEIPOT.

Em parceria com a Empresa Brasileira dos Transportes Urbanos - EBTU, criada dois anos antes, foi possível implementar inúmeros estudos em várias cidades brasileiras. Os estudos mais conhecidos foram os famosos PAITTS - Plano de Ação Imediata de Transporte e Tráfego; os TRANSCOL - Estudos de Transporte Coletivo; e os Planos Diretores de Transportes urbanos - PDTUs. Estes estudos foram realizados ao longo da década de 70, desde Belém até Porto Alegre, exceto as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. Assim, quase todas as capitais brasileiras receberam tais estudos e recursos para suas implementações provenientes da EBTU, que operava como uma espécie de BNDES dos transportes urbanos.

Mais tarde, já no início dos anos 80 o GEIPOT deu início aos Estudos de Transportes Urbanos em Cidades de Porte Médio - ETUB-CPM. O objetivo era qualificar cidades de porte médio para que elas operassem como cidades diques, contendo a forte migração interna da população em direção às capitais. Vários estados receberam estudos com esta natureza, entre eles São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro.

Esta atividade transcorreu até o ano de 1985, quando todo o pessoal (técnicos e administrativos) do DETURB - Departamento de Transportes Urbanos se transferiram para o Ministério Urbano, cujo Ministro era o Deni Schwartz, do Paraná. Com isto, praticamente ficaram esfriadas todas as atividades dos ex-técnicos do GEIPOT, que passaram a conviver com outros colegas que tinham mais o perfil de liberadores de verbas para projetos municipais do que de elaboradores de projetos e propostas.

Em, 1990, com o início do Governo Collor, começou uma forte pressão das empresas de consultoria (algumas delas financiadoras da campanha do então presidente), para extinguir o GEIPOT e a EBTU. A EBTU acabou então sendo extinta em 1991, mas o GEIPOT se arrastou até Dezembro de 2001, quando foi finalmente extinto, dando lugar ao ciclo das agências instalado na administração pública federal do País.

Quanto a história da bicicleta no GEIPOT, ela se inicia com o estudo do PDTU-DF, em 1974/1975, e com a elaboração do primeiro manual brasileiro, elaborado pelo Arquiteto Tomás Ahouagi, pelo Engenheiro José Carlos Aziz Ary e por mim - Arquiteto Antonio Carlos de Mattos Miranda. O documento foi montado ao longo do ano de 1975 e editado em Julho de 1976. A partir dele muitos foram os estudos elaborados por cidades brasileiras, em especial aquelas onde o GEIPOT atuava. Foi assim que surgiram algumas ciclovias que existem até hoje em algumas cidades do nordeste, assim como em algumas cidades do sul.

Em 1984 o GEIPOT novamente com o Engenheiro José Carlos, agora acompanhado da Arquiteta Maria Luiza Lavenère, fizeram uma re-edição do manual de 1976 e em seguida publicaram vários pequenos livretos contendo uma série de recomendações especiais, tais como para o estacionamento, para a construção de ciclovias em trechos lineares etc.

Em 1999 novamente Antonio Miranda e José Carlos Aziz Ary são convidados, agora como consultores e não mais integrantes da equipe do GEIPOT para elaborar uma nova versão do Manual, que acabou sendo concluída e publicada como último documento da longa vida do GEIPOT, em Dezembro de 2001. Mas os técnicos não se contentaram em produzir apenas mais um manual e fizeram também um documento que ficou conhecido como Diagnóstico do Uso da Bicicleta no Brasil, que continha levantamentos e pesquisas realizadas junto a sessenta municípios brasileiros.
 


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