capítulo 23. emergências do ciclista e da bicicleta |
Quando comprei minha primeira bicicleta, em 1977, era muito comum voltar para casa a pé. A sua qualidade era para lá de ruim e ela quebrava, ou então o pneu furava com tanta freqüência, o que me obrigava a carregar sempre uma pesada caixa de ferramentas. A verdade é que pedalar era praticamente um inferno e só continuei usando bicicleta porque gostava muito da coisa. Decidi que deveria conhecer bem mecânica de bicicletas quando numa descida, fazendo zig-zags deliciosos, a roda dianteira fechou e eu deslizei no asfalto uns 10 metros. Era madrugada, não havia ninguém nas ruas, fiquei estendido no asfalto, meio grogue, mas depois de um tempo consegui levantar e voltar para casa com a bicicleta nas costas. O pior não foi o tombo, mas tomar banho e lavar bem, com escovinha, rosto, braço, dorso e perna esquerdos, que estavam muito arranhados, em alguns pontos praticamente sem pele. E para terminar a besteira toda deitei na cama e acordei no dia seguinte com o lençol completamente grudado na pele. Para fechar com chave de ouro a burrice abri a porta do quarto enrolado num lençol branco todo ensangüentado e dei com minha santa mãe. Tive que ir para o chuveiro para encharcar o lençol e poder desgrudá-lo da pele. A qualidade das bicicletas melhorou significativamente desde então. Hoje, pedalar relaciona-se ao prazer, conforto, segurança e tranqüilidade. Se a montagem e regulagem da bicicleta forem bem realizadas, é muito difícil ocorrer um problema. Até mesmo um pneu furado tornou-se raro, porque os compostos de borracha atuais são muito mais resistentes a cortes e furos. Mesmo assim emergências podem acontecer, com uma freqüência infinitamente menor que nos anos 70 e 80. Com um canivete de múltiplas chaves, uma chave inglesa pequena (para 15 milímetros), chave de niples (caso já não haja no canivete), 3 espátulas de pneu, um kit remendo para câmara e uma pequena bomba de pneu, é possível resolver praticamente todo pequeno problema de emergência. Mesmo assim levar ferramentas é uma precaução até um pouco exagerada. Teresa usa a mesma bicicleta há 18 anos e neste tempo todo só teve que voltar para casa empurrando duas ou três vezes por causa de pneu furado. A parte mecânica nunca deu problema. O pesado jogo de ferramentas é hoje absolutamente desnecessário. Se acontecer algo simplesmente tire as rodas, coloque a bicicleta num taxi e volte para casa. Emergência com o ciclista
Procedimentos de emergência para seres vivos são muito específicos e devem, sempre que possível, ser realizados por um especialista em emergências. Os 5 primeiros minutos após o acidente são muito importantes para o acidentado. Chame o resgate o mais rápido possível.
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Pouco depois da largada da prova feminina de ciclismo no primeiro Cactus Cup Brasil, creio que em 1993, a sapatilha de uma das ciclistas de ponta soltou do pedal e ela chapou a cara no asfalto, e lá ficou em convulsão. De imediato saiu do meio do público um médico, um dos diretores da Federação Paulista de Ciclismo e um mountain biker que por ironia do destino recém havia feito um curso sobre procedimentos de emergência no Hospital da USP. O médico disse logo quem era e junto com o diretor de ciclismo queriam a todo custo mover a ciclista e levá-la imediatamente e de qualquer jeito para o hospital. O mountain biker colocou-se a frente da ciclista para evitar que tocassem nela. Houve uma discussão rápida e pesada, com o médico aos berros dizendo quem era e que sabia o que fazia. Os três não foram às vias de fato porque logo chegou a ambulância resgate. A equipe de emergência, na frente do diretor do evento, agradeceu a sorte da ciclista e da própria Federação por ter alguém que soubesse que numa situação daquelas a alternativa é esperar a chegada de especialistas em resgate. Hoje está muito divulgado que o primeiro atendimento deve ser realizado por um especialista em resgate (atendimento pré-hospitalar) que tem por função avaliar a situação do paciente no local no qual aconteceu o acidente, estabilizá-lo e levá-lo até o pronto atendimento do hospital; onde uma segunda equipe, agora especializada em procedimentos de emergência hospitalar, tomará conta do paciente. Estabilizada situação clínica do paciente, entrará em ação o corpo médico com suas especialidades. |
Calma é um remédio sagrado na emergência. Tenha em mente que os primeiros 5 minutos são cruciais para o acidentado, portanto mantenha a calma e não perca tempo: telefone para o resgate. Fique atento ao som do resgate para orientar a posição correta do acidente. Quando o resgate tomar conta da operação ajude afastando os curiosos e dando espaço para eles trabalharem. Passada a emergência, pegar orientações com os médicos, dar acompanhamento e carinho podem fazer milagres na recuperação. O resto deixe para especialistas. 1. em qualquer acidente evite movimentar o acidentado por uns minutos 2. se o acidentado não voltar ao normal isole a área e dê proteção até a chegada do socorro 3. caso necessário faça sombra no local do acidente 4. dê espaço para o acidentado respirar 5. afaste os curiosos do local 6. se o acidentado se recuperar e quiser seguir, olhe nos olhos e peça para ele dizer o nome, mostrar os dentes e apertar sua mão, para ver se as reações dele são normais. Se notar alguma dificuldade, não prossiga. Chame o resgate ou encaminhe o acidentado ao hospital. 7. antes de permitir que ele volte à bicicleta inspecione o acidentado para ver se há cortes profundos, se as articulações estão bem, solicitando que dobre os braços, abra e feche as mãos e tente dar alguns passos. Questione se há dor no abdome, cabeça ou tórax. Em caso positivo não é recomendado que volte pedalando. 8. em caso de corte da pele limpe a área externa sem jogar água dentro da área afetada. Avalie a extensão do corte. No caso de lesão superficial faça uma boa lavagem com água e sabão e depois procure um médico. Para lesões profundas, que certamente requererão pontos cirúrgicos, é muito importante a lavagem da área com água e sabão, mas a limpeza interna deve ser realizada por um especialista. 9. caso haja sangramento procure estancar a área segurando um pano limpo com um pouco de pressão. Evite usar torniquete. 10. em caso de lesão muscular ou articular o uso de uma bolsa de gelo, separada da pele por um tecido, pode ajudar muito.
11. em caso de fratura menor, como de um dedo, imobilize a área e vá para o hospital. Fraturas importantes só com resgate de emergência.
Curso de primeiros socorros - Cruz Vermelha Brasileira
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Use uma bicicleta de qualidade. Quanto melhor a qualidade da bicicleta, menor a possibilidade de problema. Se a bicicleta passar pelas revisões periódicas a possibilidade de qualquer problema é menor ainda. Um bom teste antes de sair com a bicicleta evita problemas no percurso.
Furou...
1. vá até um posto e retire a câmara furada 2. passe os dedos por dentro do pneu para ver se o que furou a câmara ainda está lá 3. coloque a câmara nova com um pouquinho de ar para ela não dobrar dentro do pneu 4. alinhe o bico da câmara no buraco do aro 5. antes de acionar o ar para encher o pneu baixe a pressão do manômetro eletrônico para evitar que o pneu estoure. 6. só depois que o pneu tiver um pouco de pressão e você tiver dado uma checada final na sua montagem e alinhamento, é que você deverá calibrar na pressão recomendada. Veja essa recomendação de calibragem na banda do próprio pneu. 7. revise mais uma vez para ver se o pneu está bem assentado no aro Dicas
Fiquei a pé...
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