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capítulo 17. Que bicicleta comprar - Bicicleta usada
 
Nova ou usada?
A não ser que você procure algo muito específico, a situação não dê para uma bicicleta nova e de qualidade ou apareça na frente uma oferta irresistível, a melhor opção costuma ser uma nova, principalmente para leigos em mecânica.
 
Bicicleta usada às vezes pode ser mais útil
Quem pedala como modo de transporte em grandes cidades precisa de uma bicicleta velha e discreta para amarrar em qualquer lugar ou tem grande chance de voltar para casa a pé.
 
Viagens
Descubra quanto custa passagem de transporte coletivo, bonde ou metro, ou mesmo o aluguel de uma bicicleta por mais de cinco dias. Avalie também distâncias, local para estacionar e quanto roubam bicicletas. Provavelmente uma boa usada sai mais barato, com a vantagem que será sua e você faz o que bem entender. Muito importante é o custo de um cadeado ou tranca que seja efetiva. Na Holanda, por exemplo, há uma grande possibilidade da tranca custar muito mais caro que a bicicleta.
 
Negociação
Saber comprar bem uma bicicleta usada é um pouco mais complicado do que parece porque envolve uma série de conhecimentos, um deles bastante específico: saber negociar. Saber negociar é uma arte necessária em qualquer situação da vida, o que pode fazer toda diferença na compra de qualquer coisa, usada ou não. Controlar a ansiedade, avaliar com calma e realismo, e saber fazer com que a negociação seja justa para os dois lados faz toda a diferença não só no preço final, mas no resultado que sua compra terá com o tempo.
Em muitos casos é possível negociar o retorno da bicicleta para quem a vendeu. Basta negociar o preço.
 
Transporte
No caso da compra da bicicleta usada num lugar distante de sua casa verifique a forma de embalagem, caixa, mala ou bolsa, e o custo para levar até o aeroporto, estação de trem ou rodoviária, e quanto custa todo transporte porta a porta. Muitas companhias aéreas criam tantos problemas que não vale a pena trazer a paixão. Infelizmente várias companhias de ônibus intermunicipais tambem criam problemas.
 
O que procurar? A qualidade depende de onde você está.
Bicicletas fabricadas no Brasil, as básicas e de preço barato, podem ser um mau negócio no comércio de usadas. São muito frágeis e duram pouco. Mas se você está nos Estados Unidos, Canadá ou na maioria dos países da Europa, onde qualidade é levada a sério, comprar uma usada pode ser um ótimo negócio. E tentações é que não faltam. Tem que se tomar muito cuidado em não comprar bicicleta roubada, o que é muitíssimo mais comum do que se possa imaginar. Evite pegar qualquer coisa que pareça descartada ou que esteja no lixo, sim lixo, porque em vários países, principalmente na Europa, o que está no lixo é propriedade do estado e mexer ai pode facilmente acabar na delegacia. Não experimente.
 
Aqui no Brasil o que normalmente vale a pena é bicicleta usada mais para topo de linha. É possível encontrar algumas preciosidades que pelo simples fato de estarem desatualizadas ou fora de moda, acabam desprezadas em nome de visuais ou tecnologias mais atuais e sofisticadas.
Há ainda as bicicletas de colecionador, mas esta é uma outra história porque tem um mercado muito específico. Só faço questão de ressaltar que aqui no Brasil, em especial, este mercado é abusivo, que os valores são muito mais altos do que nos Estados Unidos, por exemplo. E não é uma questão de valor de dólar, mas de especulação grosseira.
 
Bicicleta roubada
A questão de bicicleta roubada é um problema muito maior que simplesmente uma questão ética, moral ou até legal. Quando uma sociedade aceita este tipo de desvio social as conseqüências costumam ser graves e atingir a todos, e não só quem foi roubado. Infelizmente vivemos no Brasil com uma violência que deve ser considerada uma guerra civil e uma das bases é justamente a falta de compreensão de boa parte da sociedade de que pirataria e receptação é o que realmente sustenta toda a barbárie. A questão do mercado de bicicletas roubadas é tão grave que países como a Holanda tem no controle deste crime um dos pontos principais de sua política interna. Enfim, duvidou, não compre.
 
Importantíssimo: Tenha absoluta certeza da origem da bicicleta. Produto roubado é crime de receptação e mesmo neste Brasil de justiça muito falha e precária é confusão certa e sacanagem social.
 
Inteligente é ser precavido e comprar um belíssimo cadeado.
 
 
Dicas para uma boa compra:
  • Qual será o uso da bicicleta? Meio de transporte, lazer, esporte, cicloturismo... Escolha o modelo certo.
  • Qual o tamanho da bicicleta? Evite um tamanho inadequado para o ciclista.
  • Tenha paciência - não compre por impulso
  • Peça ajuda quando não tiver conhecimento
  • Teste várias antes de fechar o negócio
     
    Onde comprar?
    É mais garantido comprar de bicicletaria porque:
  • bicicletarias honestas, as únicas recomendáveis, tomam muito cuidado com o que recebem e comercializam
  • a responsabilidade de uma possível receptação de roubo é da bicicletaria
  • pela lei brasileira, o Código do Consumidor, a bicicletaria é obrigada a dar garantia. A maioria das bicicletarias desconhece a lei.
  • peça sempre documento de compra e garantia do produto
  • se for comprar de particular peça a nota fiscal original. Caso ele não a tenha, peça documento de procedência da bicicleta.
     
    Verificação geral da bicicleta
  • o primeiro passo é passar os olhos no geral e não se impressionar com brilhos e limpeza.
  • procure por amassados ou arranhados profundos no quadro
  • verifique as condições do tubo próximo à corrente. Se houver algum protetor instalado no tubo, peça para o vendedor retirá-lo.
  • fique na frente da bicicleta e feche um olho (olhar de alinhamento de marceneiro) para ver se tudo está alinhado
  • a bicicleta não deve ter grandes folgas, e se as tiver, que sejam pequenas e não barulhentas.
  • busque informações sobre como o antigo proprietário pedala, se ele é suave, bom ciclista e cuidadoso com o equipamento. Provavelmente terá uma boa indicação sobre como está a bicicleta.
  • trincas, amassados ou algo estranho: olhe quadro e garfo com cuidado para ver se não há nenhuma trinca, amassado ou qualquer outro problema. O mais crítico costuma ser próximo da caixa de direção, movimento central e gancheira traseira
  • pedale a bicicleta e solte a mão do guidão para ver se ela está alinhada. Alinhada ela segue em linha reta
     
    Verificação das rodas da bicicleta
  • gire as rodas e veja o alinhamento e se há alguma deformação por batida ou buraco
  • retire as rodas do quadro e gire os eixos com a ponta dos dedos e sentirá como estão os rolamentos. Uma pequena folga costuma não ser problema. Problema é sentir que o eixo não roda toda volta com constância. Verifique se o eixo não está torto.
  • verifique o desgaste dos aros: as paredes dos aros não devem apresentar marcas das sapatas de freio. Aros muito desgastados apresentam concavidade na parede externa, sinal de que as sapatas de freio já gastaram o metal dos aros. A partir de certo ponto de desgaste pode haver a quebra do aro. Alguns aros mais modernos, para freios com sapatas, tem um friso em cada lado do aro que podem indicar o desgaste do aro.
  • cheque os raios e busque os quebrados. Se for um ou dois não é grande problema. Muitos já não é boa coisa
  • peça para calibrar os pneus e só então olhe a condição dos pneus, desgaste de banda de rodagem e possíveis cortes na lateral
  • depois de calibrado o pneu dê um tempo para ver se não esvazia ou perde pressão
     
    Coroas, relação e corrente:
  • se os dentes de alguma engrenagem (coroas, K7 ou catraca) estiverem pontiagudos é sinal de desgaste e necessidade de troca
  • olhe a posição que está a corrente na frente e atrás. Veja se a coroa e engrenagem onde está apoiada a corrente não estão mais gastas ou deformadas que as outras. Normalmente isto acontece com a coroa pequena da frente, ou a do meio, e as engrenagens menores de trás. Significa que o antigo proprietário não trocava as marchas, o que é muito comum.
  • veja se os elos da corrente estão casando com os dentes das coroas da pedivela. Um pouco de folga não é problema. Se a corrente não encaixa mais o custo do conserto pode ser caro.
  • engate a corrente na coroa do meio da pedivela. Puxe a corrente para frente com força, afastando a corrente da coroa. O ideal é que a folga máxima deixe passar um lápis entre a corrente e a coroa. Corrente nova não é cara e se for o caso troque sem pensar.
  • a catraca não pode ter movimento lateral acentuado. Uma folguinha até é normal. Acima de 2 milímetros é troca praticamente certa.
  • o sistema de câmbio normalmente é o conserto mais caro em bicicletas usadas
     
    Câmbios e passadores de marchas:
  • as paredes internas do câmbio dianteiro não podem estar desgastadas
  • não pode haver folga lateral acentuada no câmbio traseiro, mas um pouco de folga é normal.
  • muito óleo ou graxa acumulada no câmbio traseiro não é bom sinal. Verifique o estado das duas roldanas: se os dentes estiverem pontiagudos ou quebrados, troque-as.
  • pedalando na rua (o mais recomendado) ou com a bicicleta levantada do chão: Verifique se os passadores de marchas não estão travando ou pulando marchas. Eles devem funcionar perfeitamente com um único clique. Verifique depois o engate da corrente: não for um engate preciso pode ser um simples ajuste, lubrificação ou necessidade de troca de cabos.
     
    Freios:
  • acionar cada um dos manetes com o máximo de força possível e ver se o sistema fica firme
  • acionar e soltar e ver se as molas dos freios ainda funcionam bem
  • olhar o alinhamento dos freios em relação ao aro. Se algum estiver fora do alinhamento mexer com a mão para sentir o que acontece
  • olhar condição dos cabos e sapatas
     
    Pedais:
  • de preferência sem ferrugem, amassado ou arranhado
  • gire na mão e tem que rodar livre
  • os pedais não devem apresentar folgas
  • na dúvida, troque os pedais. Uma quebra de pedal pode ser algo muito perigoso
     
    Guidão:
  • alinhamento deve estar perfeito
  • busque trinca ou amassado próximo do avanço
  • evite guidões com sinais claros de desgaste ou batidas
     
    Selim e canote de selim
  • o canote de selim tem que ser da medida exata para encaixe no tubo de selim, ou seja, quando solto desce e sobre com facilidade
  • canote grudado em quadro de cromo-molibdênio é sinal de falta de lubrificação ou da bicicleta ter passado um bom tempo na praia
  • dê um tapa na ponta do selim - não pode mexer na horizontal e na lateral
     
    Pintura:
  • só se preocupe se a ferrugem for muito acentuada
     
    Deve-se descartar uma bicicleta porque ela não está perfeita?
    O que vai definir o descarte é saber quanto custa arrumar e ai é necessário levar em consideração:
  • é fácil encontrar peças de reposição?
  • é possível usar peças novas que estão no mercado? São compatíveis ou adaptáveis?
  • verifique os serviços de reparo e peças de reposição em várias bicicletarias, não só nas mais sofisticadas
     
    Melhor preço de compra e menor possibilidade de roubo
  • Bicicleta um pouco mais pesada
  • Freios cantilever e freio ferradura
  • Sistemas mais simples de troca de marchas ou poucas marchas
     
    Bom negócio: as bicicletas fabricadas no fim dos anos 80 e início da década de 90, em particular as mountain bikes mais sofisticadas, quando bem preservadas ainda costumam ser ótima compra.
     
    Depois de toda esta checagem o proprietário vai ter outra impressão do comprador e a negociação irá ser mais justa. Peça para o proprietário sair com a bicicleta e dar uma pedalada e para ele descer uma guia. Pela forma como ele pedala vai saber como ele tratou a bicicleta.
     
    Só compre a bicicleta depois de fazer um teste. Negocie a forma de pagamento e suas garantias.
     

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